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Baixado em sexta-feira, 02 de fevereiro de 2007
TIPO DE PESQUISA | PROPÓ- SITOS | FOCO DA PESQUISA | RESULTADOS ESPERADOS | NÍVEL DE Generalização Esperado | HIPÓTESECHAVE | PARÂMETRO DE JULGAMENTO |
PESQUISA BÁSICA | Conhecimento. Como um fim em si mesmo; descoberta da verdade. | Questões consideradas importantes para área de estudo ou interesse intelectual pessoal. | Contribuição para a teoria. | Através do tempo e do espaço (ideal). | O mundo é padronizado, seus padrões são conhecidos e explicáveis. | Rigor da pesquisa, universalidade e verificabilidade da teoria. |
PESQUISA APLICADA | Entender a fonte e a natureza dos problemas humanos. | Questões consideradas Importantes pela sociedade. | Contribuição para teorias que podem ser usadas para formular programas e intervenções de resolução de problemas. | Tão generalizável no tempo e no espaço quanto possível, mas limitado ao contexto de aplicação. | Os problemas humanos e sociais podem ser entendidos e solucionados com conhecimento. | Rigor e discernimento teórico em relação ao problema. |
Avaliação de Resultado | Determinar a efetividade de intervenções e ações humanas (programas, políticas, pessoal, produtos). | Metas de intervenção. | Julgamento e generalizações sobre tipos efetivos de intervenções e condições sobre as quais os esforços são efetivos. | Todas as intervenções com metas similares. | Aquilo que se aplica a uma situação sob condições específicas deve aplicarse a outras situações. | Generalidade para esforços futuros e para outros programas e fins políticos. |
Avaliação formativa | Aperfeiçoando Uma intervenção: um programa, uma política, organização ou produto. | Pontos fortes e fracos de um programa, política, produto ou pessoal envolvido no estudo. | Recomendar melhoramentos. | Limitado à situação Específica estudada. | As pessoas podem ou vão usar Informação para melhorar o que estão fazendo. | Utilidade e uso real por usuários intencionais na situação estudada. |
PESQUISAAÇÃO | Resolução de problemas em um programa, organização ou comunidade. | Problemas organizacionais e comunitários. | Ação imediata; Resolver problemas tão rápido quanto possível. | Aqui e agora. | Pessoas em uma situação Podem solucionar problemas através do estudo destes. | Impressões sobre o processo entre os participantes da pesquisa; possibilidade da solução gerada. |
"Pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e
realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e
no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou problema estão
envolvidos de modo cooperativo ou participativo." (THIOLLENT)
A pesquisa-ação é uma forma de experimentação em situação real, na qual os pesquisadores
intervêm conscientemente. Os participantes não são reduzidos a cobaias e desempenham um papel ativo. As
variáveis, de seu lado, não são isoláveis, posto que todas elas interferem no que está sendo observado.
Portanto, assim como nas outras pesquisas da linha interpretativista, a substancialidade dos pesquisadores
não é total, pois o que cada pesquisador observa e interpreta nunca é independente da sua formação, de
suas experiências anteriores e do próprio "mergulho" na situação investigada.
Sobre a concepção e organização da pesquisa-ação, podemos considerar que o planejamento de uma
pesquisa-ação é dotado de uma flexibilidade considerável. Contrariamente a outros paradigmas, ele não
segue uma série de fases ordenadas de forma rígida. Portanto, os momentos aqui relatados são necessários
à efetivação da pesquisa, contudo, não precisam seguir a ordem proposta.
Momento 1 - Fase Exploratória - É o momento de diagnosticar a realidade do campo de pesquisa.
Estabelece-se a partir dele, um primeiro levantamento da situação, dos problemas de primeira ordem, e de
eventuais ações. O diagnóstico portanto, vai localizar o que falta no contexto investigado: educação,
recursos, entre outras coisas. Então, após o levantamento das informações iniciais, pesquisadores e
participantes se dedicam a estabelecer os principais objetivos da pesquisa. Objetivos estes que se interligam
aos problemas prioritários, ao campo de observação, aos atores e ao tipo de ação que pretende-se focalizar
no processo investigativo.
Momento 2 - O Tema da Pesquisa - A definição do tema da pesquisa é o momento de designar o problema
prático e a área de conhecimento a ser abordada. Na maioria das vezes, o tema é escolhido com base em
compromissos assumidos entre a equipe de pesquisadores e os sujeitos da situação investigada. Portanto, o
tema deve tanto interessar aos pesquisadores como aos sujeitos investigados, para que todos desempenhem
um papel eficiente no desenvolvimento da pesquisa. Pode acontecer, e não é raro, do tema ser solicitado
pelos atores da situação. Neste mesmo momento ainda, um marco teórico específico é escolhido para
nortear a pesquisa. Assim, nesta fase, faz-se necessário também a pesquisa bibliográfica.
Momento 3 - A Colocação dos Problemas - É o momento de definir uma problemática na qual o tema
escolhido ganhe sentido. A colocação dos problemas abarca os seguintes pressupostos: "a) análise e
delimitação da situação inicial; b) delineamento da situação final, em função de critérios de desejabilidade
e factibilidade; c) a identificação de todos os problemas a serem resolvidos para permitir a passagem de (a)
para (b); d) planejamento das ações correspondentes; e) execução e avaliação das ações". Nesta fase,
portanto, é necessário discutir a relevância científica e prática do que será pesquisado. Dessa forma, seria
possível redirecionar a pesquisa ou até mesmo suspendê-la.
Momento 4 - O Lugar da Teoria - O projeto de pesquisa-ação precisa estar articulado dentro de uma
determinada realidade com um quadro de referência teórica que é adaptado de acordo com o setor em que
se dá a pesquisa. As informações que serão levadas ao seminário devem, portanto, ser interpretadas à luz de
uma determinada teoria.
Momento 5 - Hipóteses - Apesar de termos a falsa concepção de que na linha interpretativista de pesquisa
não existem hipóteses, é chegado o momento de pensar com cuidado acerca desta proposição. Temos de
compreender as hipóteses como suposições formuladas pelo pesquisador a respeito de possíveis soluções
para um problema colocado na pesquisa. Neste sentido, o uso do procedimento hipotético é fundamental
para que a partir de sua formulação o pesquisador identifique as informações necessárias, evitando a
dispersão e focalizando segmentos determinados do campo de observação. Neste sentido, na linha
interpretativista pode-se dizer acerca da formulação de hipóteses, contudo, estas não são testadas.
Em verdade, assumem um caráter de condutoras do pensamento.
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Momento 6 - Seminário - O seminário desempenha o papel de exame, discussão e tomada de decisões
acerca da investigação. Além disso, ele desempenha também a função de coordenar as atividades dos
grupos. Cabe ressaltar ainda que as reuniões de seminário dão lugar a atas. Algumas das principais tarefas
do seminário são: "1 - Definir o tema e equacionar os problemas para os quais a pesquisa foi solicitada. 2 -
Elaborar a problemática na qual serão tratados os problemas e as correspondentes hipóteses da pesquisa. 3
- Constituir os grupos de estudos e equipes de pesquisa. Coordenar suas atividades. 4 - Centralizar as
informações provenientes das diversas fontes e grupos. 5 - Elaborar as interpretações. 6 - Buscar soluções e
definir diretrizes de ação. 7 - Acompanhar e avaliar as ações. 8 - Divulgar os resultados pelos canais
apropriados." (p.59)
Momento 7 - Campo de Observação, Amostragem e Representatividade Qualitativa - Uma pesquisaação
pode abranger uma comunidade geograficamente concentrada ou espalhada. A questão da
amostragem e da representatividade é fator discutível: alguns excluem a pesquisa por amostra; Outros
recomendam o uso de amostragem; e uma terceira posição ainda, consiste na valorização de critérios de
representatividade qualitativa.
Momento 8 - Coleta de Dados - Efetuada por grupos de observação e pesquisadores sob controle do
seminário central. As principais técnicas utilizadas são a entrevista coletiva ou individual, questionários
convencionais, estudo de arquivos ou jornais. São montados diversos grupos de observação. Para isso faz-se
um treinamento específico do pessoal. Todas as informações coletadas pelos diversos grupos de observação
e pesquisadores de campo são transferidas ao seminário central, onde são discutidas, analisadas,
interpretadas.
Momento 9 - Aprendizagem - Na pesquisa-ação tem-se a associação entre uma capacidade de
aprendizagem ao processo de investigação. Para Thiollent, tal associação tem relevância especialmente na
pesquisa educacional. Vale lembrar que a concepção de colaboração entre os participantes assemelha à
nossa proposta. Porém, é possível entrever tal colaboração apenas numa perspectiva do pesquisador para
com o pesquisado. A colaboração entre pares e aquela entre pesquisado e pesquisador são esquecidas.
Momento 10 - Saber Formal e Saber Informal - Partindo da suposição de que há diferentes formas de
saber, num primeiro momento, os pesquisados são levados a descrever a situação ou o problema focalizado
buscando explicação e solução para eles. Neste sentido, encontramos também uma aproximação com nossa
proposta. Contudo, os quatro passos intrínsecos à escritura de diários não se fazem presentes na pesquisaação.
O se que tem, na verdade, é a comparação de temáticas procurando mostrar zonas de
compatibilidades e incompatibilidades. O uso da comparação é um ponto de partida que consiste em
mapear os dois universos de representação (saber formal X saber informal) e em buscar meios de
intercompreensão.
Momento 11 - Plano de Ação - A elaboração do plano de ação consiste em definir com precisão:
"a) Quem são os atores ou as unidades de intervenção?; b) Como se relacionam os atores e as instituições:
convergência, atritos, conflito aberto?; c) Quem toma as decisões? d) Quais são os objetivos (ou metas)
tangíveis da ação e os critérios de sua avaliação? e) Como dar continuidade à ação, apesar das
dificuldades? f) Como assegurar a participação da população e incorporar suas sugestões; g) Como
controlar o conjunto do processo e avaliar os resultados?"
Momento 12 - Divulgação externa - Além de dar o retorno aos participantes da pesquisa, é possível
divulgar seus resultados em eventos, congressos, conferências, etc. Para contemplar esse momento, os
pesquisadores recebem um treinamento que inclui técnicas de apresentação de resultados, técnicas de
comunicação por canais formais e informais, técnicas de organização de debates públicos, suportes
audiovisuais, entre outros.
Bibliografia do texto:
THIOLLENT, Michel. METODOLOGIA DA PESQUISA-AÇÃO São Paulo: Cortez, 2000.
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